Desde 1992, muitos estudos publicados questionaram a validade da verificação de pulso para identificar parada cardíaca, particularmente quando usada por leigos. A verificação do pulso tem sérias limitações quanto à precisão, à sensibilidade e à especificidade. Tais estudos utilizaram simulação em manequins, pacientes inconscientes submetidos a circulação extra corpórea, pacientes inconscientes ventilados mecanicamente e pessoas conscientes como grupo controle.
Quando provedores de SBV leigos utilizam a verificação de pulso, demoram muito para decidir se ele está ou não presente. Além do mais, falham 1 em cada 10 vezes no reconhecimento da ausência de pulso ou da parada cardíaca (baixa sensibilidade). Na avaliação de vítimas inconscientes que tem pulso, eles não o detectam em 4 de cada 10 vezes (baixa especificidade). Os detalhes dos estudos dos estudos publicados incluem as seguintes conclusões:
O TEMPO PARA CHECAR O PULSO
Os provedores perdem muito tempo para verificar o pulso. Na maioria dos grupos, incluindo leigos, estudantes de medicina, paramédicos e médicos, leva-se um tempo muito maior do que o recomendado de 5 a 10 segundos para checar o pulso carotídeo. Em um estudo, metade dos provedores necessitaram de um tempo maior que 24 segundos para decidir se havia ou não pulso. Como a sobrevivência em fibrilação ventricular (FV) cai de 7% a 10% para cada minuto de atraso na desfibrilação, o tempo gasto com a avaliação da circulação deve ser curto. Apenas 15% dos participantes confirmaram corretamente a presença de pulso em 10 segundos, o tempo máximo normalmente admitido para tal verificação.
A IMPRECISÃO DO TESTE DIAGNÓSTICO
A verificação de pulso, quando considerada como um teste diagnóstico, é extremamente imprecisa. Esta precisão pode ser resumida da seguinte forma:
SENSIBILIDADE = É a habilidade de identificar corretamente as vítimas que não tem pulso e estão em parada cardíaca. Esta habilidade é de 90%. Quando os indivíduos não tinham pulso, os provedores pensaram que este estava presente em, aproximadamente, 10% das vezes. Pelo equívoco de pensarem que há pulso quando não há, os provedores não realizariam compressões torácicas e não usariam o DEA em 10 de cada 100 vítimas de parada cardíaca. A consequência de tais erros seria a morte, sem possibilidade de ressuscitação de 10 para 100.
ESPECIFICIDADE = É a habilidade de reconhecer corretamente as vítimas que tem pulso e não estão em parada cardíaca. Esta habilidade é de 60%. Quando o pulso estava presente, os provedores avaliaram como ausente em, aproximadamente, 40% das vezes. Por este equívoco, os provedores realizariam compressões torácicas em, aproximadamente, 4 de cada 10 vítimas potenciais que não necessitariam delas e aplicariam o DEA se disponível.
A PRECISÃO GLOBAL
A precisão global dos testes foi de apenas 65%, com uma taxa de erro de 35%. Os especialistas concluíram que a verificação de pulso não podia ser recomendada como uma ferramenta para que provedores leigos, identifiquem vítimas de parada cardíaca na sequência de RCP, pois, se eles utilizam este procedimento, errarão no diagnóstico de paradas cardíacas verdadeiras em, pelo menos, 10 em cada 100 vezes. Além disso os provedores de SBV fariam compressões torácicas desnecessárias (e talvez aplicariam o DEA) em muitas vítimas que não estão em parada cardíaca e não necessitariam de tal intervenção. Esse erro é menos sério, mas ainda indesejável. O erro mais sério nessa situação é, evidentemente, a possibilidade de não atender vítimas de parada cardíaca que requerem uma intervenção imediata para sobreviver.
CONCLUSÃO
Não é confiável nem o leigo nem o profissional da área de saúde tentar constatar pulso em menos de 10 segundos; muitas vítimas em PCR deixam de receber tratamento por isso; outro motivo seria de simplificar o treinamento e facilitar o aprendizado para que mais pessoas pudessem receber orientações sobre como realizar RCP até mesmo à distância.
Ref.: Conferência de Avaliação de Evidência de 1999. Conferência de Diretrizes de 2000. Resuscitation 1996;33:107-116. Circulation 1994;90 (suppl):I-288. Resuscitation 1996;31:S3. Resuscitation 1994;28:S25. Ann Emerg Med 1999;34:780-784. Resuscitation 1997;35:23-26. The carotid pulse check as a diagnostic tool to assess pulselessness during adult basic life support (Flesche, Zucker, Lorenz, Neruda, Tarnow).
COMENTÁRIO
Atuando por mais de 20 anos no APH, com 5 anos de graduação, 1 ano e meio de pós em APH, vendo profissionais atuarem e nos estágios por onde passei em 18 instituições hospitalares posso assegurar que 99% dos profissionais de saúde não sabem, não conseguem e não possuem treinamento adequado para checar pulso em menos de 10 segundos, e pior, muitos (médicos e enfermeiros) que atuam dentro de hospitais e PS gastam entre 6 a 12 MINUTOS para constatar uma PCR e iniciar algum procedimento de RCP ou ao menos ordenar que alguém inicie algo parecido a uma RCP ou a coordenar que seja. Alguns dados importantes: 55% das vítimas de PCR que são reanimadas, podem entrar em estado febril e em posterior PCR novamente e cerca de 50% das vítimas de PCR que são reanimadas entram em PCR após meia hora de serem reanimadas, ou seja, as mudanças dos elos da cadeia de sobrevivência não são por acaso, cuidado pós parada tem vários porquês e vigilância e prevenção mais ainda, dentro de hospitais a demora na constatação de uma PCR e o início imediato de uma RCP ultrapassa fácil os 16 minutos. A fala sobre RCP de alto desempenho, RCP de alta qualidade, RCP de alta performance, time de resposta rápida à PCR, ainda é novidade para 9 em cada 10 profissionais, e eu falei disso numa matéria publicada na Revista Emergência de Fevereiro de 2009 na edição 13 na pag. 37, da Proteção Publicações, com nome de Protocolos de Resgate. Ainda estamos na esperança de melhora, porque precisamos atualizar todos profissionais.
Autor: Juliano de Figueiredo Silvério Alves, Enfermeiro, atua no APH desde 1994.